A Human Murder Weapon

Para o 2ª post da Miiketona, trago A Human Murder Weapon, quarto filme de Takashi Miike. "Ué, mas depois do primeiro não vem o segundo?", você pergunta. Então, deveria né? Acontece que ainda não consegui assistir Lady Hunter: Prelude to Murder, que seria o próximo na ordem, por... questões técnicas. Já Last Run: 100 Million Yen Worth of Love and Betrayal acabei não assistindo porque me embananei e achei que era o quarto. Mas enfim, chegará a vez desses dois.

O assunto agora A Human Murder Weapon. O lutador Yoshito Miyake, apelidado de Karate Kid, é obrigado a competir em torneios clandestinos para a satisfação de ricaços sádicos. E é a clandestinidade e o sadismo que compõem o tom sombrio do filme: o local onde o protagonista é mantido é uma mistura de prisão com complexo industrial e, assim como o ringue, é carregado de uma fumaça que lembra o vapor de máquinas; as lutas são filmadas com uma câmera que parece ser portátil, pois tem uma qualidade de imagem mais crua e movimentos mais dinâmicos; a perversão rola solta e não só o sangue mas também outros fluidos corporais entram em cena para revirarem o estômago do espectador.

O elenco do filme é multiétnico e conta com diversos lutadores profissionais, de vertentes marciais distintas. Inclusive o par romântico do protagonista é interpretado por uma ex-lutadora de luta livre chamada Megumi Kudo. Outro lutador da mesma modalidade, Atsushi Onita, faz uma ponta (solta?) bem estranha, aparentemente uma espécie de fan service, em que algumas filmagens reais de suas lutas são inseridas malandramente (e repetidamente) para dar aquela encorpada marota no filme.

Esse recurso de edição, apesar de ter resultado questionável, é só um exemplo de como Miike consegue fazer muito com pouco: em apenas 1h10min, temos uma história com diversidade de personagens, cenários e repleta de saltos temporais e subtramas.

Em A Human Murder Weapon Miike traz seu lado sombrio mais aflorado ao mesmo tempo que mostra seu domínio técnico da linguagem e jogo-de-cintura profissional.